Como um déjà-vu, estou novamente a aprender a viver com o
silêncio. Voltei ao meu mundo sem palavras, fico em discordância comigo mesma,
pois a vontade de te falar é sufocante, é uma dor que preenche os pulmões
tornando custoso o respirar, mas por outro lado é o mundo que tu escolheste. O
mundo que tu preferes, onde tu gostas de estar e viver. Já eu prefiro um mundo
a transbordar de palavras, cheio de vida e cor, mesmo que as palavras tragam
agarrado a si mágoas e tristezas, ainda assim prefiro que elas existam que
apenas ouvir o som das palavras não ditas.
Como um déjà-vu, estou novamente a aprender a não te ter. Mania de
acharmos que temos alguém, meras ilusões das nossas cabeças, nunca temos
verdadeiramente ninguém, essa é a verdade. Podemos senti-las, tocar-lhes,
cheirá-las até, mas elas deslizam-nos pelos dedos da mão como os pingos da
chuva. Criamos falsas esperanças, isso sim, se achamos que temos alguém. E eu
não aprendo.
Há momentos em que acreditamos ter essa pessoa, acreditamos que ela
vai ficar, acostumamo-nos à sua presença, e começamos aos poucos a baixar as
nossas defesas e a deixar essa pessoa ir ficando. Rapidamente ela se esfumaça
no mundo e ficamos apenas a sentir-nos sozinhos. Pior ainda, ficamos sozinhos mas
sem poder voltar atrás e agora é sozinhos mas sabemos o que é não o estar.
Agora sabemos como é ter essa pessoa na nossa vida, sabemos como é sentir a sua
presença e ficamos a sentir falta. Falta do mundo colorido e a transbordar de
palavras onde vivíamos. Não sabemos mais viver no silêncio novamente.
Oh, mas temos que aprender a viver. Oh, mas como dói e custa.
Quase que dá vontade de não ter deixado acontecer. Queria poder culpar-te, mas
não posso.
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