quarta-feira, 22 de abril de 2015

O silêncio e EU

Como um déjà-vu, estou novamente a aprender a viver com o silêncio. Voltei ao meu mundo sem palavras, fico em discordância comigo mesma, pois a vontade de te falar é sufocante, é uma dor que preenche os pulmões tornando custoso o respirar, mas por outro lado é o mundo que tu escolheste. O mundo que tu preferes, onde tu gostas de estar e viver. Já eu prefiro um mundo a transbordar de palavras, cheio de vida e cor, mesmo que as palavras tragam agarrado a si mágoas e tristezas, ainda assim prefiro que elas existam que apenas ouvir o som das palavras não ditas.

Como um déjà-vu, estou novamente a aprender a não te ter. Mania de acharmos que temos alguém, meras ilusões das nossas cabeças, nunca temos verdadeiramente ninguém, essa é a verdade. Podemos senti-las, tocar-lhes, cheirá-las até, mas elas deslizam-nos pelos dedos da mão como os pingos da chuva. Criamos falsas esperanças, isso sim, se achamos que temos alguém. E eu não aprendo.

Há momentos em que acreditamos ter essa pessoa, acreditamos que ela vai ficar, acostumamo-nos à sua presença, e começamos aos poucos a baixar as nossas defesas e a deixar essa pessoa ir ficando. Rapidamente ela se esfumaça no mundo e ficamos apenas a sentir-nos sozinhos. Pior ainda, ficamos sozinhos mas sem poder voltar atrás e agora é sozinhos mas sabemos o que é não o estar. Agora sabemos como é ter essa pessoa na nossa vida, sabemos como é sentir a sua presença e ficamos a sentir falta. Falta do mundo colorido e a transbordar de palavras onde vivíamos. Não sabemos mais viver no silêncio novamente.


Oh, mas temos que aprender a viver. Oh, mas como dói e custa. Quase que dá vontade de não ter deixado acontecer. Queria poder culpar-te, mas não posso.  


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